O mundo está assustado com um novo vírus, o COVID-19, que se espalha depressa pelos continentes e faz cada dia mais vítimas fatais entre a população humana. Mas é muito importante esclarecer que os animais domésticos não são os transmissores dessa doença para as pessoas, conforme têm declarado vários veterinários.

Recentemente, bastou um comunicado de uma cientista chinesa recomendando que os animais domésticos de regiões atingidas pelo coronavírus ficassem de quarentena, para que o pânico se espalhasse por toda a China e, especialmente, em Wuhan (epicentro da doença), onde cães e gatos começaram a ser abandonados nas ruas e até mortos em ambientes públicos em cenas de brutalidade explícita.

A médica veterinária da Esalpet, Karla Bruning de Oliveira, esclarece que cães e gatos podem contrair o coronavírus, mas em suas configurações caninas e felinas, que não são transmitidas para os humanos.

“A coronavirose é uma doença comum em cães e gatos. Nos cães, a forma mais registrada é a gastroentérica, transmitida por meio do contato com fezes contaminadas. Ela causa sintomas muito semelhantes ao da parvovirose, como vômito e diarreia com perda de sangue. O vírus destrói as vilosidades do intestino do animal e provoca gastroenterite hemorrágica”, explica.

Quais os sintomas e tudo o que se sabe até agora sobre o coronavírus

O novo coronavírus nomeado oficialmente de Covid-19 já infectou mais de 140 mil pessoas no mundo. Sua contenção é um desafio, já que o vírus é transmitido facilmente por vias aéreas, através do contato direto ou indireto com gotículas respiratórias de pessoas infectadas.

O novo coronavírus nomeado oficialmente de Covid-19 já infectou mais de 140 mil pessoas no mundo. Sua contenção é um desafio, já que o vírus é transmitido facilmente por vias aéreas, através do contato direto ou indireto com gotículas respiratórias de pessoas infectadas.

O Covid-19 foi descoberto em dezembro de 2019, quando apareceram os primeiros casos na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China. No início, muitos dos pacientes infectados tinham alguma ligação com um grande mercado de frutos do mar e animais vivos da cidade chinesa. Mais tarde, um número crescente de pacientes que não tiveram exposição a mercados de animais também foram diagnosticados, indicando a disseminação de pessoa para pessoa.

O novo coronavírus faz parte de uma ampla família de vírus que pode causar desde um resfriado comum até problemas respiratórios que levam à morte.

De acordo com a infectologista Thaís Guimarães, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), a incubação do Covid-19 varia entre um e 14 dias. Isso significa que, durante esse período, pessoas infectadas podem não apresentar sintomas e sequer saber que carregam o vírus. “A maior transmissibilidade acontece quando o indivíduo começa a apresentar os primeiros sintomas, que incluem a febre”, explica a médica.

Abaixo, a infectologista responde às principais dúvidas sobre os sintomas, transmissão e tratamento; confira:

O que é esse novo coronavírus?

É uma família de vírus que habitualmente causam infecções em animais, como morcegos e cobras, mas que também podem causar sintomas em humanos. O coronavírus da primeira epidemia, que foi em 2003, causava síndrome respiratória crônica e também começou na China. Depois, a gente teve uma outra epidemia em 2012, também na China, causando síndrome respiratória grave também e agora a gente tem um novo subtipo, que é a mesma classe de vírus, só que hoje a gente consegue detectar por biologia molecular algumas pequenas variações. Por isso, ele está sendo chamado de novo coronavírus.

Qual o potencial de contaminação?

Como é um vírus de transmissão respiratória, ele é transmitido pelas secreções respiratórias. Quando o indivíduo fala ou espirra, ele expele gotículas que contêm o coronavírus que podem passar para outras pessoas. O potencial de doenças respiratórias é muito grande porque a transmissão acontece pelo ar e a gente não tem muito como conter.

A transmissão pode acontecer de outra forma, além da via aérea?

Essa transmissão também pode acontecer através das mãos contaminadas pela secreção respiratória. Se a pessoa infectada passa a mão no nariz ou tosse com a mão na boca, por exemplo, e pega na maçaneta, uma segunda pessoa que também pegar nessa maçaneta e levar a mão até a boca, poderá se contaminar com o vírus.

O Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso suspeito de coronavírus no Brasil. Existe um perigo real de disseminação do vírus por aqui?

Existe porque as pessoas acabam viajando, então, a gente tem muito deslocamento de pessoas por avião ou por meios terrestres. Um primeiro caso pode ter potencial de transmissão secundária para novos casos, tanto em Belo Horizonte, como para outros estados do país.

Quais são os principais sintomas e como eles podem progredir?

São os sintomas respiratórios, tosse, dificuldade para respirar, dor de garganta, acompanhada de febre. É muito semelhante com qualquer outra virose respiratória, como gripe, influenza, resfriado, só que os sintomas tendem a ser mais graves, podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda, que é quando o paciente precisa de ajuda de ventilação mecânica.

Há algum sintoma mais específico desse novo coronavírus que o difere de outros vírus de doenças respiratórias?

Não existe, e esse é o problema. Os sintomas do novo coronavírus se assemelham com todos os outros de vírus respiratórios, como gripe, rinovírus, vírus respiratório sincicial. A gente acaba coletando o painel viral para tentar fazer o diagnóstico de outros vírus respiratórios também.

Após a infecção, quanto tempo leva para que os primeiros sintomas apareçam?

Habitualmente, em duas semanas já aparecem os primeiros sintomas. O período de incubação é de 14 dias.

Uma pessoa infectada, antes de aparentar os primeiros sintomas, já pode transmitir o vírus?

A gente considera início dos sintomas quando aparece a febre, e a maior transmissibilidade acontece quando o indivíduo começa a apresentar os primeiros sintomas, que incluem a febre.

O Carnaval atrai muitos turistas de fora, isso pode aumentar o risco de coronavírus no país? Qual a recomendação?

Durante o Carnaval pode sim aumentar o risco de contaminação. Em ambientes abertos, é mais difícil porque o vírus, em contato com o ar, não dura muito tempo. Mas o contato muito próximo com a pessoa é que faz a transmissão. Então, beijar na boca ou ter um contato muito próximo, aumenta a exposição ao vírus. Em bailes fechados, esse risco aumenta ainda mais.

O uso de máscaras cirúrgicas protege contra o vírus?

Esse uso de máscara não é 100% protetor porque a gente tem o contato com o vírus através das mãos contaminadas também. Mas ela ajuda no caso de transmissão via respiratória.

O que é considerado um caso suspeito?

É o paciente que apresenta febre e sintomas respiratórios, como tosse, dificuldade de respirar e dor de garganta. Esses são os critérios clínicos, mas além do critério clínico precisa do critério epidemiológico, que é ter estado 14 dias antes do início dos sintomas em áreas que tenham tido transmissão, como a China, Tailândia, Estados Unidos e outros países que já tiveram casos detectados.

Quais os cuidados a pessoa deve ter se for viajar para a China?

Depende da região para onde ela for porque os casos estão concentrados nas províncias de Wuhan e Guangdong. Então, se tiver uma viagem para esses lugares é melhor não ir. Se a viagem for inevitável, a recomendação é evitar aglomerações, ambientes fechados, além de adotar as medidas básicas de higiene, como higienização das mãos, principalmente com álcool 70%, etiqueta de tosse e evitar contato com pessoas doentes.

Como é feito o tratamento para o novo coronavírus?

Hoje, não existe antiviral com atividade específica contra o novo coronavírus. O tratamento é suporte com relação aos sintomas clínicos, com antitérmico para febre, analgésico para dor e medidas de ventilação mecânica, caso o paciente tenha uma insuficiência respiratória aguda grave, que é o cenário de Terapia Intensiva.

O Brasil está preparado caso o vírus chegue aqui?

Está tendo toda uma mobilização através do Ministério da Saúde e das secretarias de estado para verificar unidades que tenham leitos de isolamento respiratório para atendimento desses pacientes. A gente precisa de detecção precoce para poder impedir a transmissão de casos secundários. Como hoje as pessoas viajam muito a turismo, a transmissão do vírus é esperada que chegue a qualquer local.

Os profissionais de saúde precisam estar alertas para que pessoas com sintomas e que tenham vindo de regiões onde está tendo transmissão do vírus sejam internadas em isolamento, façam o diagnóstico para reprimir a transmissão secundária.

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